Hilton P. Silva
Professor Adjunto II de Antropologia Biológica
Universidade Federal do Pará
E-mail: hdasilva@ufpa.br
Quando se pensa na Amazônia o que vem à mente, em geral, é a floresta
imensa, a biodiversidade sem par, os rios caudalosos, os povos indígenas isolados.
Poucos se recordam de uma imensa população rural, de caboclos, ribeirinhos,
quilombolas e muitos outros, que aqui vivem há séculos,
povoando cada recanto da região. Região que, aliás, jamais foi um vazio
demográfico. Gente que conhece cada espécie de planta, cada pegada de bicho, cada tipo de solo e cada curva de rio.
Os jovens, dos diversos grupos, são os receptáculos presentes e futuros desses conhecimentos. Sem a participação deles todo o saber tradicional morrerá.
Quando se pensa no porvir da Amazônia, o que vem à mente
é a floresta íntegra, os animais sem risco, as águas límpidas, as culturas
locais respeitadas. Para que isso ocorra é preciso
cuidar do que mais precioso existe nesse lugar, suas crianças.
De Aracampina a Caxiuanã, de Mamirauá a Santo Antônio, e muito além, nos
lagos e igarapés, nas ilhas e nos barrancos, os meninos e meninas que nos
olham fixamente, que sorriem, que nos abraçam e a quem pouco conhecemos, são
retratos do futuro.
Sua saúde, crescimento, educação e segurança representam a melhor
oportunidade de cuidado com a natureza, e o caminho mais curto para o
desenvolvimento dessa terra de águas, com sustentabilidade ambiental e
social, e respeito à enorme diversidade, que o mundo chama de Amazônia |