Alexandre Toledo Robazzini
Museu de Arqueologia e Etnologia – Universidade de São Paulo/ Bolsista CNPq, Iniciação Científica
Figura 1 – Localização dos grupos indígenas do interflúvio Xingu-Tocantins em meados do século XX.
Os Asurini do Xingu são falantes de uma língua pertencente à família lingüística Tupi. Atualmente eles ocupam uma aldeia localizada na margem direita do rio Xingu (4º02’56''S, 52º34’55’’W) junto da qual está o Parque Indígena Kuatinemu administrado pelo FUNAI, através de sua unidade administrativa localizada no município de Altamira, Pará.
Apesar de já existir um primeiro esboço sobre alguns aspectos da trajetória histórica dos Asuriní do Xingu, ainda não foi feito um estudo sistemático sobre a bibliografia histórica e etnográfica relativa a eles e nem tampouco sobre a documentação da FUNAI que trata dos processos de atração, aldeamento, demografia e demarcação territorial da T.I. Kuatinemu. Além disso, existem pesquisadores que acompanharam os Asuriní do Xingu nestas últimas décadas e que também possuem informações relevantes a serem sistematizadas acerca de sua trajetória histórica e dinâmica cultural (Müller 1990, Silva 2000).
Nestes últimos três anos, a Profª. Drª. Fabíola Andréa Silva vem desenvolvendo um projeto de pesquisa, financiado pela FAPESP (Processo nº. 2004/06782-1 e 2005/60226-6) intitulado 'CULTURA MATERIAL E DINÂMICA CULTURAL: Um estudo etnoarqueológico sobre os processos de manutenção e transformação de conjuntos tecnológicos entre os Asuriní do Xingu', que visa compreender como a nova conjuntura social e a situação de intenso contato com a população regional vêm afetando os processos de produção da cultura material Asuriní. A presente proposta de pesquisa visa contribuir com este projeto tendo em vista que tentar compreender como os Asuriní estão lidando com os processos de mudança decorrentes do contato e quais são as estratégias que vem sendo por eles utilizadas nas suas relações com as populações não Asuriní passa, também, pelo entendimento dos diferentes contextos históricos e, conseqüentemente, das diferentes ações institucionais, conjunturas políticas, econômicas e sociais que estiveram subjacentes aos processos de interação dos Asuriní do Xingu com a sociedade envolvente, desde o contato e que contribuíram na definição da sua trajetória histórica particular e situação atual.
Nosso objetivo é contribuir neste esforço, tentando analisar a trajetória histórica dos Asurini do Xingu como um processo cultural dinâmico que resulta da dialética entre o passado e o presente desta população.
Müller, R. A. P. 1990. Os Asurini do Xingu: história e arte. Campinas: Ed. Unicamp.
Silva, F.A. 2000. As tecnologias e seus significados: o estudo da cerâmica dos Asuriní dos Xingu e da cestaria dos Kayapó-Xikrin sob uma perspectiva etnoarqueológica. Tese de Doutorado. São Paulo: FFLCH-USP.