E assim se passaram quatro anos. Hoje, entregamos aos leitores brasileiros e etrangeiros o oitavo número de Amazônica, que traz artigos e outras contribuições nas temáticas de pesca, populações tradicionais e gênero. Em Etnoecologia da pesca na Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio, Terra do Meio, Flavio Bezerra Barros apresenta essa terra de conflitos e manchetes de jornal a partir do conhecimento dos ribeirinhos sobre os ecossistemas e a diversidade de peixes, que integra patrimônio biocultural local. Na sequência, Matias Godio apresenta O rancho e o bote, conferindo as micropolíticas de tecnologias e sustentabilidades entre os trabalhadores da pesca na ilha de Santa Catarina. Em complemento, Viviane Kraieski de Assunção, Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão e Pedro Henrique Dias Inácio tecem considerações argutas sobre Comer mais e melhor em Pernambuco, tendo como referente os impactos do programa Bolsa Família na alimentação de famílias de pescadoras artesanais. O tema da pesca é encerrado com o belo ensaio fotográfico de Juliana Leitão sobre a pesca artesanal na Amazônia a partir de Belém do Pará.
Gerson Albuquerque brinda os leitores discutindo Cultura e natureza, oralidade e escrita em áreas de florestas e cidades do vale do Juruá, Amazônia Acreana, trazendo a público a riqueza das vozes dos povos da floresta. Homossexualidade como identidade, tem a família como passaporte e a vulnerabilidade como questão para a bem urdida discussão de Anna Cruz Silva e, permanecendo no campo família e identidade, Maria Patrícia Corrêa Ferreira, em Violência intrafamiliar e judiciário, discute o parricídio cometido por mulheres, questionando os estereótipos de gênero que influenciam nos argumentos das defesas e nas decisões do judiciário.
Os autores de ensaios fotográficos vem crescendo e, além do ensaio sobre a pesca, vem a público, pelas lentes de André dos Santos, o Igarapé do Preto, nascedouro do Samba de Cacete, importante manifestação festiva que a todos contagia e afasta as agruras da difícil faina dos dançarinos.
Andreza do Socorro Pantoja de Oliveira Smith resumiu sua dissertação de mestrado e apresentou suas preocupações sobre os Direitos Humanos de mulheres violadas pelo tráfico de pessoas e pela exploração sexual na rota Brasil-Suriname, que faz de Belém a ponte das ações ilegais. Na perspectiva de comunicar os trabalhos recém-saídos sobre temas de interesse para a Amazônia, as resenhas de Nas redes do sexo: Os bastidores do pornô brasileiro de Maria Elvira Díaz-Benítez, produzida por Rafael da Silva Noleto e a obra O metrossexual no Brasil, de Wilton Garcia, apreciada por Edyr Batista Oliveira Júnior, apresentam discussões que merecem reflexão em função da carência de literatura específica sobre o assunto.
Agradecemos aos autores e, especialmente, aos anônimos pareceristas que, cuidadosamente, selecionaram os artigos e as contribuições que apresentamos para leitura.
Denise Schaan & Jane Beltrão
Editoras