As iniciativas de desenvolvimento em comunidades agroextrativistas na Amazônia

Autores

  • Alciene Oliveira Felizardo Universidade Federal do Pará
  • Carla Giovana Souza Rocha Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.5801/ncn.v22i2.6341

Palavras-chave:

Desenvolvimento. Autonomia. Matrizes Produtivas. Agroextrativistas.

Resumo

Este trabalho analisa o enfoque orientador de iniciativas de desenvolvimento e sua relação com o estilo de agricultura dos agroextrativistas na Amazônia, em particular nas ilhas de Abaetetuba, estado do Pará. Foram adotados recursos metodológicos de pesquisa qualitativa por meio da realização de entrevistas semiestruturadas e análise documental. Verificou-se que as iniciativas foram orientadas por uma matriz agroindustrial caracterizada por ações pré-determinadas, promoção de relações de dependência e incompatibilidade com as condições ambientais locais. Esse conjunto de características revela que as ações se pautaram em um enfoque programático marcado pela introdução de repertório técnico padronizado nos sistemas produtivos. Diante disso, as iniciativas de desenvolvimento limitaram a autonomia das famílias beneficiárias ao se distanciarem do enfoque estratégico que orienta o estilo de agricultura dos agroextrativistas.

Biografia do Autor

Alciene Oliveira Felizardo, Universidade Federal do Pará

Graduada em Agronomia pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - IFPA Campus Castanhal (2015) e Mestra em Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável pela Universidade Federal do Pará (2018). Durante a graduação foi bolsista da Incubadora Tecnológica de Desenvolvimento e Inovação de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (INCUBITEC/IFPA-Campus Castanhal) (2011-2015) desenvolvendo atividades de formação, capacitação, assessoria e acompanhamento técnico no âmbito da organização social, gestão, produção e comercialização junto aos agricultores e agricultoras familiares, por meio das ações de incubação de empreendimentos solidários no Nordeste e Baixo Tocantins Paraense. No decorrer do percurso acadêmico desenvolveu trabalhos que proporcionaram maior aprendizagem principalmente nos seguintes temas: Agroextrativismo, Agricultura familiar, Agroecologia, Economia Solidária e Desenvolvimento Rural.

Carla Giovana Souza Rocha, Universidade Federal do Pará

Desde agosto de 1995 como professora da Universidade Federal do Pará, integrou a equipe de Pesquisa-desenvolvimento do Laboratório Agroecológico da Transamazônica em Altamira-PA do então denominado Núcleo de Estudos em Agricultura Familiar - NEAF (atual INEAF/UFPA). O LAET foi criado a partir das relações com os movimentos sociais de camponeses da região da Transamazônica e Xingu, e teve no enfoque sistêmico, interdisciplinar e agroecológico os seus princípios metodológicos e de visão de desenvolvimento que até hoje direcionam as ações de pesquisa, formação e desenvolvimento da docente. Atualmente está como docente da Faculdade de Etnodiversidade do Campus Universitário de Altamira, professora do curso de Licenciatura em Educação do Campo que tem como abordagem a pedagogia da alternância e o público são agricultores, extrativistas, indígenas, quilombolas e outras populações tradicionais. Engenheira agrônoma, especialista em Agriculturas Familiares Amazônicas pela Universidade Federal do Pará (NEAF/DAZ), mestre em Ciências (Desenvolvimento e Agricultura) pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e doutora em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul . A tese discutiu as lógicas de reprodução social e as práticas produtivas em suas relações com os elementos do meio natural de agricultores familiares na microrregião de Altamira, no sudoeste do Estado do Pará. 

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Publicado

2019-09-19

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Seção

Artigos