ResumoTenho denominado de Máquina Curupirá o processo criativo que desenvolvo como pesquisa poética acerca das comicidades indígenas da Amazônia, que tem a imagem do lendário Curupira com os pés virados para trás como atitude poética e política de um corpo que se quer deformado, fora da forma, do comportamento e do pensamento colonizado. Neste artigo, cartografo três intensidades do acontecimento cênico em processo, a saber, a multiplicidade do corpo por economia da alteridade; a adoção da atitude de atriz-xamã; e a negação do acontecimento como espetáculo, aproximando-o da noção de Máquina. Em cada intensidade, atravesso a criação pelo meio, reconhecendo os dispositivos com os quais opero, em cena, o transver, o riso entre indígenas amazônicos em ficções e fabulações contaminadas de trapaças, malinagens e epistemologias xamânicas da floresta profunda, que questionam o caminhar com os pés virados para frente.AbstractI have named as Curupirá Machine the creative process that I develop as poetic research about indigenous comicalities from the Amazon, which has the image of the legendary Curupira with his feet facing back as poetic and political attitude of a body that recognizes itself as deformed, out of colonized shape, behavior and thought. In this article, I map three intensities of the scenic happening in process: the multiplicity of the body by economy of otherness; the adoption of the attitude of actress-shaman; and the denial of the happening as a spectacle, bringing it closer to the notion of Machine. On each intensity, I cross the creation from the middle of it, recognizing the devices with which I run, on the scene, the act of transver the laughter among Amazonian indigenous into fictions and fabulations contaminated with cheating, tricks and shamanistic epistemologies of the deep forest, that question the walking with the feet facing forward.