Cursos e percursos, calços e percalços de formadores de doutores em Educação em Ciências e Educação Matemática

Autores/as

  • Rosália Maria Ribeiro de Aragão Universidade Federal do Pará (UFPA)

DOI:

https://doi.org/10.18542/amazrecm.v8i16.1663

Palabras clave:

formação de doutores, competência científica, competência pedagógica, questões epistemológicas, cultivo doutoral

Resumen

A investigação-narrativa, como vertente da pesquisa qualitativa, que ora apresentamos, é concernente ao Programa de Doutorado na Área de Educação em Ciências e Matemática, o qual se constituiu no âmbito de uma Associação em Rede de Instituições do Ensino Superior – Universidades e Institutos Federais – como IES situadas na Amazônia Legal, cujas responsabilidades e atribuições são compartilhadas em sua realização. A problemática posta sob enfoque advém da necessidade de cultivo doutoral das ações, reações e atitudes de doutores já em exercício em outras áreas e que resolvem migrar para a Área de Educação em Ciências e de Educação Matemática para assumir - em colaboração - a formação de Doutores em Educação em Ciências ou em Educação Matemática tal como expressa a proposição do Doutorado em REDE. Nessa perspectiva, doutores profissionalmente vinculados a IES da Amazônia Legal assumem parcerias tendo em vista a ampliação do número de professores titulados para atuarem na formação de doutores na REDE recém criada - mesmo já sendo doutores e atuando nas ditas “áreas duras” ou em áreas afins. Buscam, então, credenciar-se no recém criado Programa de Doutorado, com desejo e disponibilidade de migrar, como dissemos, para a Área enfocada e avançar partilhando efetivamente da formação científicopedagógica específica – e de qualidade positiva diferenciada para melhor - de novos doutores em Educação em Ciências e Educação Matemática. Os “doutores migrantes” visam estabelecer-se neste novo/outro Programa assumindo novas relações formativas de modo a propiciar tanto a visibilidade necessária para esta Área na sua Região de inserção, quanto a produção de respostas positivas e desejáveis para o avanço acadêmico, científico e pedagógico do Ensino Superior na formação de doutores. Esses doutores-formadores do presente, credenciados há dois anos no Programa em REDE em desenvolvimento, passam a ser investigados – nos termos da modalidade investigativa-narrativa da pesquisa qualitativa, à luz de fundamentos epistemológicos, teóricos e metodológicos da docência e da pesquisa - em seus processos de adesão e de resistência ao que é proposto -, especialmente em relação a (i) participação como docentes-pesquisadores titulados formando doutores de qualidade para este século e gerando produção acadêmica nas Áreas enfocadas pela REDE, bem como a (ii) evidências de interesse e comprometimento - como Doutores em exercício na formação de novos doutores - quer com a qualidade do Ensino Superior no qual atuam, quer com a melhoria de qualidade do Ensino Básico, e da Pesquisa Científica na Região em que se situa esta REDE. Os resultados desta investigação desde que não se expressem alvissareiros em relação à qualidade dos novos doutores que se quer diferenciados, certamente, implicam esforços adicionais para atingir o que se põe como desiderato de muitos dos professores doutores e pesquisadores, sobretudo, pelas próprias condições, de migrantes de outras para a Área de Educação em Ciências e de Educação Matemática. As proposições e ações daí advindas impõem conhecer e conscientizar-se das questões epistemológicas e teórico-metodológicas desta sua nova/outra área de atuação profissional. Isto se torna, sobretudo, relevante para que possam superar tradicionais pressupostos de uma formação doutoral positivista, externalista e fragmentária, largamente presente nesses termos no processo de formação docente do século passado (XX), mas, cujo cultivo neste século (XXI) se torna imprescindível descartar para abolir a visão dualista e hierárquica entre saberes e práticas docentes, substituindo-a por outra visão posta numa perspectiva político-epistemológica que enseje explicitar que nenhuma sociedade é capaz de pensar a si mesma sem a “religação” dos saberes e práticas de suas instituições educacionais. 

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Publicado

2012-06-30

Número

Sección

Artigos Científicos