Atividades argumentativas em livros didáticos de física do PNLD 2015: o incentivo ainda é escasso

Autores/as

  • André Henrique Silva Souza Universidade Federal Fluminense
  • Rodrigo Drumond Vieira Universidade Federal Fluminense
  • Viviane Florentino Melo Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.18542/amazrecm.v13i25.3751

Palabras clave:

argumentação, livro didático, educação em ciências

Resumen

Pesquisas em educação em ciências apontam que a argumentação é uma prática necessária para os processos ativos de aprendizagem dos estudantes. Os documentos oficiais têm sinalizado para a necessidade de incorporar práticas que dão suporte a processos argumentativos em sala de aula. Considerando que o livro didático tem sido muitas vezes utilizado pelos professores no ambiente escolar como um condutor do currículo, consideramos que ele pode (e deve) apresentar maneiras de criar suporte para  processos argumentativos em sala de aula. Desta forma, neste trabalho analisamos se atividades de argumentação são estimuladas ou evocadas por atividades que o livro didático propõe. Analisamos sete das quatorze coleções aprovadas pelo PNLD (2015) para o caso do livro didático de Física para o Ensino Médio. Nossos critérios de análise se baseiam em como a estrutura da atividade é apresentada (bem ou mal estruturada  e se os marcadores “justificativas recíprocas” e “contraposição de ideias” estão sendo evocados ou utilizados. Os resultados indicam que os livros didáticos apresentam em parte, suporte para o processo argumentativo, mas esse suporte ainda é muito incipiente.

Biografía del autor/a

André Henrique Silva Souza, Universidade Federal Fluminense

Graduado em física pela Univesidade Federal Fluminense. Tem experiênica em ensino de física, mais especificamente com processos de ensino e aprendizado

Rodrigo Drumond Vieira, Universidade Federal Fluminense

Rodrigo Drumond Vieira é professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde tem trabalhado desde 2013. Graduado em física (2004), mestre (2007), doutor (2011) e pós-doutor (2012) em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais. Em 2009-2010 realizou período sanduíche de seu doutorado na The Pennsylvania State University (EUA), em que teve a oportunidade de trabalhar com o professor Greg Kelly no desenvolvimento de um método multi-nível para analisar o discurso de salas de aula, articulando as perspectivas psicológicas, culturais e linguístico-estruturais desses contextos de ensino e aprendizado. Este método foi o produto principal de sua pesquisa de doutorado e foi publicado no International Journal of Science Education. Trabalhou como professor de física do ensino médio (2004-2012) em escola pública e como editor adjunto do periódico Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências. É parecerista de periódicos nacionais e internacionais, incluindo Science Education e International Journal of Science Education. Atua como formador de professores de física e realiza pesquisa na pós graduação em ensino de ciências da natureza (UFF). Os focos principais de pesquisa, desde sua formação, são a formação de professores de ciências e o ensino e aprendizado de ciências na educação básica. Seus interesses de pesquisa principais são: abordagem multidisciplinar de investigação, metodologia de pesquisa qualitativa e quantitativa, análise do discurso de salas de aula, argumentação, usos do júri simulado e orientações discursivas como recurso didático, teoria da atividade, perfis epistemológicos, desenvolvimento das identidades de professores e estudantes, linguística aplicada, questões sociocientíficas e natureza das ciências

Viviane Florentino Melo, Universidade Federal Fluminense

Viviane Florentino de Melo é mestre em Educação (2016) pela Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e licenciada em Química (2007) pela Fundação Universidade de Itaúna. Tem sete anos de experiência como professora de química da educação básica e três anos de experiência como monitora das disciplinas de Pesquisa e Prática de Ensino de Física 1, 2, 3 e 4. Sua pesquisa se concentra na área de Educação em Ciências, contando com publicação de artigos em periódicos nacionais e internacionais. Seus interesses de pesquisa principais estão voltados para as práticas discursivas de sala de aula; argumentação na educação básica e superior; práticas inovadoras no ensino de química e física; assim como os usos de questões sociocientíficas e júris simulados no ensino de ciências.

Citas

BILLIG, M. Arguing and thinking: a rhetorical approach to social psychology. Cambridge: Cambridge University Press, 1996.

BRASIL. Guia de livros didáticos: PNLD 2015: Física: Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação, 2014.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+) Ensino Médio: orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais - Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/Semtec, 2002.

BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio discursivo. São Paulo: EDUC, 1999.

CARDOSO, L. D. R. & ARAÚJO, M. I. O. Currículo de ciências: professores e escolas do campo. Ensaio - Pesquisa em educação e ciências, 14 (2), 121–135, 2012.

CARNEIRO, M. H. S. & MÓL, W. L. P. S. G. S. Livro didático inovador e professores: uma tensão a ser vencida. Ensaio - Pesquisa em educação e ciências, 7(2), 1-13, 2005.

CHARAUDEAU, P.& MAINGENEAU, D. Dicionário de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2004.

CHO, K.-L., & JONASSEN, D. H. The effects of argumentation scaffolds on Argumentation and problem solving. Educational Technology Research and Development, 50(3), 5–22, 2002.

CUNHA, A. L. & CALDAS, H.M.S.C.C.P. Sentido das forças de atrito e os livros de 8ª série. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 17(1), 7-21, 2000.

DOMINGUINI, L. O Conteúdo Física Moderna nos livros didáticos do PNLEM. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em educação da Universidade do Extremo Sul Catarinense (PPGEUNESC). Criciúma, 2010.

FERREIRA, M.S. & SELLES, S.E. A produção acadêmica brasileira sobre livros didáticos em ciências: uma análise em periódicos nacionais. Anais do IV ENPEC, 2000.

GARCIA, N.M.D. Livro didático de Física e de Ciências: contribuições das pesquisas para a transformação do ensino. Educar em Revista, 44, abril-jun. , 145–163, 2012.

GÜLLICH, R.I.C. & SILVA, L.H.A. O enredo da experimentação no livro didático: construção de conhecimentos ou reprodução de teorias e verdades científicas? Ensaio - Pesquisa em educação e ciências, 15 (2), 155–167, 2013.

HÖFLING, E. M. Notas para discussão quanto à implementação de programas de governo: em foco o Programa Nacional do Livro Didático. Educação e Sociedade, 21(70), 159-188, 2000.

JIMENEZ-ALEIXANDRE, M. P., & ERDURAN, S. Argumentation in science education: an overview. In S. Erduran & M. P. Jimenez-Aleixandre (Eds.), Argumentation in Science education: Recent developments and future directions (pp. 3–27). Dordrecht: Springer, 2008.

JUNIOR, E.R; LUNA, F.J. & LINHARES, M.P. Critérios para a avaliação de materiais didáticos impressos de História da Ciência para a Educação a Distância. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 31(2), 429-462, 2014.

KELLY, G. J. Discourse in science classrooms. In S. Abell & N. Lederman (Eds.). Handbook of research on science education (pp. 443–470).Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates, 2007.

LIB NEO, J; Adeus professor, adeus professora?: novas exigências educacionais e profissão docente. São Paulo: Cortes, 1998.

MACEDO, E. A imagem da ciência: folheando um livro didático. Educação e Sociedade, 25, 103–129, 2004.

MARINHO, A. B.; OLIVEIRA, M. C. & FONSECA, F. S. R. Análise dos experimentos no livro didático de ciências: possibilidades e limites. Associação Brasileira de Ensino de Biologia - SBEnBio, 1–7, 2012.

NAIRON, F.; JÚNIOR, M. & MEDEIROS, A. Distorções conceituais dos atributos do som presentes nas sínteses dos textos didáticos: aspectos físicos e fisiológicos. Ciência & Educação, 5(2), 1–14, 1998.

NETO, J. M. & FRACALANZA, H. O livro didático de ciências: problemas e soluções. Ciência & Educação, 9(2), 147–157, 2003.

RIBEIRO, R. M. L. & MARTINS, I.O potencial das narrativas como recurso para o ensino de ciências: uma análise em livros didáticos de Física. Ciência & Educação (Bauru), 13(3), 293- 309, 2007.

SANJOSÉ, V., SOLAZ, J.J. & VIDAL-ABARCA, E. Mejorando La efectividad instruccional del texto educativo en ciencias: primeros resultados. Enseñanza de las Ciências, 11(2), 137-148, 1993.

VIDAL, P. H. O. & PORTO, P. A. A história da ciência nos livros didáticos de química do PNLEM 2007. Ciência & Educação, 18(2), 291–308, 2012.

VIEIRA, R. D.; NASCIMENTO, S. S. . Abordagem comunicativa, argumentação e objetivos didáticos: um episódio de sala de aula gerenciado por um estagiário. Educação em Revista (Online), v. 29, p. 15-36, 2013b.

VIEIRA, R. D.; NASCIMENTO, S. S. Uma proposta de critérios marcadores para identificação de situações argumentativas em salas de aula de ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 26, p. 81-102, 2009.

VIEIRA, R.D.; NASCIMENTO, S. S. Argumentação no ensino de ciências: tendências, práticas e metodologia de análise. Curitiba: Appris, 2013 a, 113p.

Descargas

Publicado

2016-12-31

Número

Vol. 13 Núm. 25 (2016)

Sección

Artigos Científicos

Licencia

Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.