Análise da sustentabilidade da produção familiar no sudeste paraense: o caso do produtores de leite do município de Rio Maria.

Autores

  • Terezinha Cavalcante Feitosa

DOI:

https://doi.org/10.18542/raf.v4i4.4500

Resumo

Este trabalho faz uma análise da sustentabilidade da pecuária leiteira na agricultura familiar, decorrente do rápido processo de degradação das pastagens formadas em área de terra firme, numa região fronteira da Amazônia brasileira. A pesquisa foi realizada no município de Rio Maria, sudeste paraense, sendo este um dos municípios do Pará reconhecido internacionalmente pelo alto índice de conflitos fundiários. Foram entrevistados 55 unidades de produção familiar, nos Projetos de Assentamentos Itaipavas, Barra Mansa, Mata Azul, São Roque e Vale da Serra que sobrevivem, especificamente, da pecuária leiteira, que foram entrevistados nos meses de julho a agosto de 2002. A escolha das propriedades foi intencional, e constitui-se na identificação da renda da pecuária (venda do leite e reses), bem como, uma análise das técnicas utilizadas pelos pequenos produtores, no manejo das pastagens, do rebanho para garantir a sustentabilidade da unidade produtiva.Essa análise permitiu identificar através dos indicadores socioeconômicos que, embora, a pecuária seja considerada uma atividade de baixo risco, economicamente viável para a Amazônia, entre os pequenos produtores, torna-se uma atividade insustentável, posto que, o processo de degradação das pastagens inicia-se a partir de três a cinco anos, sem, no entanto, permitir que as unidades de produção poupem recursos, para renovação/recuperação.A renda sustentável da atividade de pecuária leiteira sendo baixa em relação a renda obtida logo na fase inicial da atividade desestimula a adoção de práticas mais sustentáveis. A tendência declinante da produtividade das pastagens, com leves acréscimos decorrentes das queimadas e de controle da juquira foram compensadas com a incorporação de novas áreas de pastagens. O esgotamento do estoque d reservas florestais tende a levar ao colpaso da atividade. A despeito da existência de mercado para carne e leite, as prática de recuperação não são adotadas. Considerando uma taxa de depreciação de pastagens de 10,00% ao ano e uma taxa de juros de 15,00% ao ano, indica que do lucro líquido obtido os proprietários deveriam investir pelo menos 40,00% para garantir a sustentabilidade das pastagens ao final de dez anos. Verifica-se que a pecuária leiteira da agricultura familiar está sendo feita com a continua drenagem dos recursos naturais, sem a  devida compensação no preço desses produtos (leite e carne).Espera-se que estes resultados possam contribuir para definir políticas públicas, com medidas concretas para os pequenos produtores de leite, no sentido de garantir renovação/recuperação das pastagens degradadas, visto que, são estes produtores, responsáveis por grande parte do desequilíbrio ecológico do ecossistema no Sudeste Paraense. Entre os pequenos criadores de gado não há necessidade de financiamento para contínua aquisição do gado, pois todos os proprietários já possuem rebanho acima da capacidade de pastagem. Nesse caso, seria necessário capacitação do produtor, para manejo adequado do pasto e do rebanho e, financiamentos voltados para a recuperação das pastagens degradadas. Não existe entre os produtores, um espírito de conservação, mas sim de ansiedade em aumentar o rebanho e as pastagens.

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