Este artigo aborda as reflexões dos Wapichana – povo de língua aruaque que vive nas savanas de Roraima no Brasil, na Guiana e também na Venezuela – sobre a validade de uma prática de conhecimento considerada tradicional: a pesca com timbó. Em conversas cotidianas e nas recentes discussões públicas sobre os cuidados com ambiente, a questão da (in) sustentabilidade do uso deste conjunto heterogêneo de plantas como técnica de pesca tem sido uma constante entre as comunidades que vivem na região Serra da Lua, em Roraima. O objetivo deste trabalho é apresentar alguns elementos que permitam compreender o debate entre os Wapichana em seus termos conceituais e em seus aspectos relacionais presentes nas análises indígenas sobre a técnica. O argumento é que a controvérsia sobre essa técnica reflete uma dinâmica cosmológica, na medida em que as análises indígenas são reflexões sobre organização social e reciprocidade no manejo de recursos naturais. Palavras-chave: conhecimento tradicional, processos técnicos, análises indígenas, Wapichana
Biografia do Autor
Alessandro Roberto De Oliveira, Universidade de Brasília-UnB
Pesquisador Associado, Laboratório eGrupo de Estudos em Relações Interétnicas/Departamento de Antropologia-Dan/Universidade de Brasília-UnB