Amazônica entra no segundo ano e traz aos leitores artigos que refletem sobre a difícil interlocução entre povos indígenas e não-indígenas, que se caracteriza pela luta pela sobrevivência cultural dos primeiros que têm como “adversário” as dificuldades relativas à compreensão da diversidade, expressas de inúmeras formas. O artigo sobre os Mbyá-Guarani no sul do Brasil de autoria de Sergio Baptista da Silva, Mártin César Tempass e Carolina Schneider Comandulli traz a público a diferenciada compreensão de território dos Mbyá-Guarani, fundamental ao processo de demarcação de terras, que conflita com a (in)compreensão dos não-indígenas, mas que deve ser vencida para garantir a livre determinação dos povos etnicamente diferenciados, sob pena de desconsiderar a secular mobilidade entre fronteiras internacionais.Noelia Enriz contribui ao debate, refletindo sobre a educação escolar indígena que se (em/de)bate entre os modelos intervencionistas e participativos, os primeiros que desconhecem a autonomia dos povos indígenas e o segundo que contempla as necessidade de formação de quadros políticos para intermediar disputas históricas. Se a leitura dos especialistas em Guarani parece distanciada do cotidiano amazônico, é preciso pensar que os Guarani, pela mobilidade encontram-se na Amazônia, além dela se originar. A mobilidade territorial é enfocada também no artigo de Fabíola Andrea Silva e Francisco Forte Stuchi, que avaliam as razões para a mobilidade Kaiabi na fronteira entre o Mato Grosso e o Pará, com implicações para a arqueologia. Luciana Barroso França se debruça sobre conflitos intra-étnicos no espaço da aldeia, entre dois grupos tupi-guarani, em contato forçado por contingências históricas. A partir do artigo de Gnecco, que discute os discursos arqueológicos sobre o outro e suas implicações para o presente – e futuro - fazemos a transição para a arqueologia, que é contemplada com o instigante artigo do Sanna Saunaluoma, que traz novos dados e perspectivas sobre os sítios monumentais do Acre e da Bolívia.Contribuindo com as discussões sobre as relações sociais produzida pelas trocas em feiras, que revelam outras chaves de entendimento, publicamos o relatório de pesquisa de Gutemberg Armando Diniz Guerra e César Augusto Martins de Souza sobre o caso de Altamira, na área do Xingu.Complementando e informando sobre as possibilidades de ampliar o olhar sobre a Amazônia, o ensaio fotográfico, as notícias de pesquisa, os resumos de teses e dissertações, assim como as resenhas brindam o leitor com a multiplicidade de produções sobre a região. Agradecemos ao Conselho Editorial e aos anônimos pareceristas que examinaram dezenas de artigos, alguns deles não aceitos para publicação, e aos autores dos artigos que aqui apresentamos pelas contribuições e paciência com o processo editorial. Convidamos os leitores a submeterem artigos e outras contribuições por intermédio do site da Revista.As Editoras