Nas universidades brasileiras, os memoriais acadêmicos são documentos que apresentam uma autorreflexão sobre a trajetória intelectual e profissional de um docente, caracterizando uma das raras manifestações de escrita autobiográfica a respeito de intelectuais e de pesquisadores de diferentes áreas, formações e pertencimentos. Este artigo apresenta reflexões sobre a percepção de classe, raça e gênero, a partir de relatos autobiográficos dos memoriais de titularidade de antropólogas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Campinas (UNICAMP), aprovadas em concursos entre 2004 e 2014. Para o docente, este é um momento que representa a ascensão ao topo da carreira. No entanto, a universidade é uma instituição na qual as mulheres ainda lutam para superar preconceitos, por isso tais narrativas autorreflexivas estãoinseridas em certas estruturas e tradições do campo intelectual-acadêmico e mostram-se como um rico material para a compreensão da trajetória e do papel feminino neste espaço, enquanto um exercício de autoetnografia.
Biografia do Autor
Wilton C. L. Silva, UNESP, Campus de Assis
Professor Livre Docente do Departamento de História, da UNESP, Campus de Assis. Bolsista de Auxíliio Regular da FAPESP (Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo), Proc. 2016/19014-0.
Rafaela Duarte Vieira, UNESP, Campus de Assis
Graduanda de HIstória na Faculdade de Ciências e Letras, UNESP, Capus de Assis. Bolsista de Iniciação Científica da FAPESP (Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo), Proc. 2018/05783-7.