Bolsa Família, políticas de transferência de renda, Amazônia, Reservas de Uso Sustentável, Economia Doméstica.
Resumo
O artigo examina o impacto de benefícios na economia doméstica das duas primeiras RDS do Amazonas – Mamirauá e Amanã. Na amostra de 920 domicílios, em 2010, a renda média mensal foi de 1,5 salários mínimos e R$ 148,00 per capita. A distribuição da renda se mostrou uniforme (Gini=0,075), com diferenciação econômica ligada ao ciclo de desenvolvimento doméstico – famílias abaixo da linha da pobreza são maiores e têm chefes mais jovens. A contribuição dos benefícios chega a 44% da renda e alcança 87% dos domicílios. A venda da produção – referência de campesinidade – contribui com 37% da renda total, mas em valores absolutos é maior entre os que recebem benefícios, sugerindo que criam condições favoráveis para a produção. Os benefícios ajudam a elevar o padrão de consumo em 30% e aumentam a compra de bens domésticos (70%); significam maiores oportunidades de acesso à educação e saúde, por meio do usufruto de bens e serviços disponíveis nas cidades. Nas Reservas de Uso Sustentável os benefícios contribuem com o compromisso de melhoria das condições de vida. Apesar desse aporte, o padrão de renda se mantém baixo e 62% das famílias tiveram renda per capita abaixo do estabelecido como linha de pobreza.
Biografia do Autor
Deborah de Magalhães Lima, Universidade Federal de Minas Gerais
Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1980), mestrado em Antropologia Social pela Universidade de Cambridge (1982) e doutorado em Antropologia Social pela Universidade de Cambridge (1992). Atualmente é Professora Associada IV da Universidade Federal de Minas Gerais. Atua principalmente em questões ligadas à Antropologia de Populações Tradicionais, geralmente na Amazônia e enfocando os seguintes temas: socioambientalismo, unidades de conservação de uso sustentável, RDS Mamirauá e Amanã e várzea do Rio Solimões. Em Minas Gerais, coordena o Núcleo de Estudos em Populações Quilombolas e Tradicionais - NuQ, da UFMG.
Nelissa Peralta, Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá
Doutora em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em Ciências Políticas e Mestre em Desenvolvimento Regional pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (UFPA). Foi bolsista CNPq, CAPES durante o período de formação. Atualmente é pesquisadora titular do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá em Tefé, Amazonas. Juntamente com a antropóloga Deborah Lima, lidera o grupo de pesquisas Organização Social e Manejo Participativo na Amazônia. Atua nas áreas de sociologia rural e antropologia econômica. Tem experiência com assessoria técnica a grupos de populações tradicionais na Amazônia, gestão de unidades de conservação, turismo de base comunitária, diagnósticos socioambientais, métodos de aprendizagem e ação participativos. Atualmente coordena projetos de pesquisa com foco em socioeconomia rural, conhecimentos e práticas tradicionais entre populações Amazônicas.