As hidrelétricas de Belo Monte e Altamira (Babaquara) como fontes de gases de efeito estufa

Authors

  • Philip M. Fearnside Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

DOI:

https://doi.org/10.5801/ncn.v12i2.315

Abstract

Quando é necessário decidir que investimentos públicos fazer para a geração e conservação de energia elétrica, é importante calcular as emissões de gases de efeito estufa das barragens hidrelétricas. A proposta da hidrelétrica de Belo Monte e sua contrapartida rio acima, a hidrelétrica de Altamira está no centro das controvérsias sobre o modo como deveriam ser calculadas as emissões de gases de efeito estufa de represas. A hidrelétrica de Belo Monte por si só teria uma área de reservatório pequena (440 km2) e grande capacidade instalada (11.181,3 MW), mas a represa de Babaquara, que regularizaria a vazão do Rio Xingu (aumentando assim a geração de energia de Belo Monte), inundaria uma vasta área (6.140 km2). Está previsto que, em cada ano, o nível da água em Babaquara vai variar em 23 m, expondo, assim, repetidamente uma área de 3.580 km2 (a zona de deplecionamento), onde cresceria rapidamente uma vegetação herbácea, de fácil decomposição. A presente análise indica que, no prazo de até 41 anos decorridos após o enchimento da primeira represa, o complexo Belo Monte/Babaquara não teria um saldo positivo em termos de emissões de gases de efeito estufa, comparado ao gás natural. A aplicação de qualquer taxa de desconto acima de 1,5% ao ano resulta no fato de o complexo não ter um saldo positivo, se comparado ao nível de emissão de gás natural, até o final do horizonte de tempo de 50 anos, usado no Brasil para a avaliação de projetos de energia.

Author Biography

Philip M. Fearnside, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) C.P. 478-69011-970 Manaus-Amazonas. E-mail: philip.fearnside@gmail.com

Published

2010-02-28

Issue

Section

Artigos