Este artigo descreve e analisa componentes dos sistemas de gestão dos recursos naturais praticados por comunidades ribeirinhas, explorando os resultados de duas décadas de atividades de um projeto de pesquisa nas várzeas do estuário amazônico. A análise mostra que a dinâmica dos sistemas ribeirinhos estimula a sustentabilidade ecológica e proporciona uma base sólida para a subsistência das famílias. As comunidades ribeirinhas têm desenvolvido uma ética de conservação dos recursos naturais da várzea, resultando em formas de organização social caracterizadas pela equidade e pela ação coletiva. Essa ética tem potencial para se tornar ferramenta estratégica para a conservação dos ecossistemas de várzea na Amazônia, ameaçados pela exploração madeireira descontrolada e pelas intervenções de organizações externas que propõem modelos fortemente contrastantes de organização social. O desafio é assegurar e melhorar o contexto institucional das comunidades ribeirinhas, evitando enfraquecer a base do seu sistema socioambiental tradicional, o que requer ideias e estratégias inovadoras.
Author Biography
Manoel Malheiros Tourinho, Universidade Federal Rural da Amazônia
Doutorando em Desenvolvimento Sustentável pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS/UnB)