Estimativas do Relatório do Banco Mundial indicam que em 2025, dois terços dos habitantes da Terra viverão nas cidades. Para suportar esse aumento no número de residentes urbanos, as cidades devem investir substancialmente em saneamento básico. Todavia, importantes agentes na promoção de saneamento, tais quais governos e organismos internacionais, não raras vezes, elaboram e executam projetos que não consideram as realidades locais, exigindo das comunidades comportamentos exógenos a um ethos local. O Prosanear, surgido da necessidade de atendimento à população de baixa renda das cidades com serviços de saneamento, foi implantado em parceria com o Banco Mundial em diversas partes do Brasil e tem como peculiaridade o envolvimento da comunidade na busca por soluções dos problemas enfrentados. O objetivo deste artigo é verificar a aplicação do Prosanear I nos Conjuntos Palmeiras e São Bernardo, em Fortaleza-CE, na década de 1990, destacando elementos da participação comunitária. A coleta de dados foi realizada primeiramente no Conjunto Palmeiras (onde o projeto já tinha sido executado) e estes foram comparados com os dados coletados no Conjunto São Bernardo (onde o projeto estava ainda em execução). Os surveys aplicados nas comunidades e as entrevistas em profundidade permitiram compreender, dentre outras questões, em que medida as dificuldades destacadas pela comunidade no Conjunto Palmeiras foram consideradas pelo Banco Mundial durante a execução do projeto no Conjunto São Bernardo.
Biografia do Autor
Luciana de Oliveira Dias, Universidade Federal de Goiás
Doutora em Ciências Sociais (UnB). Professora da Educação Intercultural e do Programa de Mestrado em Direitos Humanos da Universidade Federal de Goiás - UFG
Andrea Freire de Lucena, Universidade Federal de Goiás
Doutora em Relações Internacionais (UnB). Professora da graduação em Ciências Econômicas e do Programa de Mestrado em Ciência Política da Universidade Federal de Goiás - UFG.