Sessenta e seis anos separam o fim da experiência do plantation de seringa de Henry Ford (1945) da presença da soja na cidade paraense de Belterra, na Amazônia brasileira. No primeiro caso, temos a construção de uma cidade na floresta e a criação de uma hierarquia sociofuncional com base no sistema fordista de produção. No segundo, uma ação planejada e seletiva que teve apoio político em diversos níveis, financiamento público, flexibilização da legislação ambiental e estudos científicos que subsidiaram a melhor localização do empreendimento. A ligação entre os dois períodos encontra-se na produção do desarranjo dos modos de vida preexistentes, no uso predatório da natureza e na enunciação de estereótipos pelos “de fora” contra a população do lugar sob o abrigo da “fala do desenvolvimento”.
Biografia do Autor
José Carlos Matos Pereira, PPCIS/UERJ
Sociólogo e Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPCIS/UERJ).
Márcia da Silva Pereira Leite, Professora adjunta do Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Doutora em sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pós-doutorado na EHESS – École des Hautes Études en Sciences Sociales – e no Iuperj – Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro da Universidade Cândido Mendes. Pesquisadora do CNPq.