Cipozeiras e cipozeiros da Mata Atlântica e conflitos ambientais territoriais em Santa Catarina

Autores

  • Diego da Silva Grava Universidade Regional de Blumenau
  • Luciano Félix Florit Universidade Regional de Blumenau
  • Douglas Ladik Antunes Universidade do Estado de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.5801/ncn.v22i2.5814

Palavras-chave:

Cipozeiras e Cipozeiros. Povos e Comunidades Tradicionais. Conflitos Ambientais. Justiça Ambiental. Santa Catarina.

Resumo

Cipozeiras e cipozeiros constituem “comunidades tradicionais” que vivem da extração e do artesanato de diferentes espécies de cipós e de outras atividades de subsistência. Nosso objetivo foi identificar e caracterizar as comunidades em Santa Catarina e verificar a existência de situações de conflitos ambientais. Para isso, efetuamos uma revisão bibliográfica e realizamos, à luz da perspectiva da justiça ambiental, uma reflexão crítica sobre a situação dessas populações no estado. Apresentamos as cipozeiras e os cipozeiros como pertencentes à categoria de “povos e comunidades tradicionais” e evidenciamos que estes grupos vivenciam diferentes conflitos ambientais. Esses conflitos se caracterizam como situações de injustiça ambiental, o que parece um fenômeno comum e recorrente entre os povos e comunidades tradicionais em Santa Catarina e em todo o Brasil.

Biografia do Autor

Diego da Silva Grava, Universidade Regional de Blumenau

Doutor em Sociologia pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ). Mestre em Desenvolvimento Regional e graduado em Ciências Sociais pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Pesquisador do Grupo Interdisciplinar em Pesquisas Socioambientais (Grupos Ipês), do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR) da FURB e do Núcleo de Estudos de Teoria Social e América Latina (NETSAL), do IESP-UERJ. Áreas e temas de interesse: Teoria sociológica; Sociologia ambiental; Ecologia política; Ética ambiental; desenvolvimento; sustentabilidade; modernidade; especismo; cultura; alimentação. Bolsista PNPD-CAPES no PPGDR-FURB (2017/18).

Luciano Félix Florit, Universidade Regional de Blumenau

Graduado em Sociologia pela Universidade de Buenos Aires (1995), Mestre em Sociologia Política, UFSC (1998), Doutor em Sociologia pela UFRGS (2003) com doutorado sanduíche na University of Nottingham, Pós-doutorado em Antropologia na UFMG (2017). É professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (FURB), nos cursos de Mestrado e Doutorado. Suas áreas de atuação são a Sociologia do Desenvolvimento, Sociologia Ambiental e Ética Ambiental, focando atualmente na temática da Ética Socioambiental e o Desenvolvimento Regional com os seguintes subtemas: 1 - Consideração moral de seres vivos não humanos e padrões de desenvolvimento; 2 - Justiça ambiental e conflitos ambientais; 3 - Povos e comunidades tradicionais, ética socioambiental e território. Também atua na formação de professores no curso de Licenciatura em Ciências Sociais.

Douglas Ladik Antunes, Universidade do Estado de Santa Catarina

Possui graduação em Engenharia Mecânica pelo Instituto Mauá de Tecnologia / Escola de Engenharia Mauá - IMT/EEM (1998), mestrado em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (2001) e doutorado em Design pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio (2011). É professor adjunto do Departamento de Design da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC e professor permanente do Mestrado Profissional em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Sócio Ambiental - PPGPLAN/FAED/UDESC. Atua em projetos de pesquisa e extensão em temáticas relacionadas à: comunidades tradicionais, artesanato, movimentos sociais, tecnologias tradicionais, tecnologias sociais e tecnologia assistiva

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Publicado

2019-09-19

Edição

Seção

Artigos