ResumoO capítulo chileno do exílio de Mário Pedrosa, terminado abruptamente em 1973 com o golpe ao governo Allende, e o subsequente exílio francês marcaram a passagem do crítico do europeísmo para a defesa de uma posição terceiro-mundista. Na França, Pedrosa escreveu o Discurso aos Tupiniquins e Nambás (1975), ponto de partida para uma reflexão sobre a América Latina que resultará, em 1978, em um verdadeiro projeto de descolonização do pensamento eurocêntrico a partir da arte ameríndia: a exposição (não realizada) Arte de viver, Arte de criar. Tendo como foco a década de 1970, último período de atuação política e intelectual do crítico, este trabalho tem como objetivo apresentar a opção terceiro-mundista de Pedrosa na vertente das teorias do “pensamento liminar”, voltadas a reveindicar para o Brasil um lugar não mais de colônia, mas de locus de enunciação das narrativas historicamente subalternizadas.AbstractThe Chilean chapter of Mário Pedrosa’s exile, finished abruptly in 1973 with the coup to the Allende government, and the subsequent French exile, marked the critic’s crossing from Europeanism to the defense of a third-world position. In France, Pedrosa wrote the “Discurso aos Tupiniquins e Nambás”, starting point for a reflection on Latin America, that will result, in 1978, in a true project of decolonization of the Eurocentric thought from Amerindian art: the exhibition (not accomplished) “Arte de viver, Arte de criar”. Focusing on the 1970s, the last period of political and intellectual activity of the critic, this paper aims to insert Pedrosa’s third-world option in the liminary thinking theories, aimed at revealing to Brazil a place no longer a colony, but a “locus” of enunciation of historically subalternized narratives.