UMA ANÁLISE DO CONCEITO DE “EU” NOS TEXTOS DE B. F. SKINNER

Autores

  • Gabriela Pires Malacrida Universidade Federal do Paraná, Curitiba
  • Carolina Laurenti

DOI:

https://doi.org/10.18542/rebac.v14i1.7160

Resumo

O projeto científico de psicologia de Skinner, pautado na filosofia do Behaviorismo Radical, surge em oposição às psicologias centradas no conceito de eu iniciador. Entretanto, as objeções do autor não parecem implicar no abandono do conceito em sua obra. O objetivo deste artigo é explicitar algumas acepções da noção de “eu” circunscritas ao texto skinneriano, que não se restringem às suas críticas à ideia de eu iniciador. O “eu” é entendido como um repertório verbal que descreve as condições corporais e o comportamento do próprio indivíduo, sendo construído em contingências sociais, por meio de questionamentos feitos pelos membros da comunidade verbal, que permitiram ao indivíduo voltar-se para si mesmo. Assim, no Behaviorismo Radical a noção de “si próprio” só pode ser entendida no âmbito de contingências sociais verbais, não havendo, portanto, um “eu” preexistente ao comportamento verbal. O “eu” também pode ser definido como comportamento verbal complexo, caracterizado por uma série de outros repertórios verbais (auto-observação, autodescrição, autoconhecimento, autocontrole, autogoverno, autoedição) que ajudam a criar e a manter a noção de si mesmo. À medida que se avança para a descrição desses diferentes repertórios comportamentais que definem o “eu”, verifica-se um “eu” cada vez mais ativo, sem que essa atividade seja esclarecida pela noção de agente iniciador. Em suma, não há uma cisão entre “eu” e comportamento no Behaviorismo Radical; por conseguinte, as noções geralmente atribuídas ao eu iniciador (e.g., consciência, autoestima, pensamento) podem ser esclarecidas em termos do exame do comportamento e de contingências sociais verbais.Palavras-chave: eu; eu iniciador; Behaviorismo Radical; comportamento verbal; atividade

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Publicado

2018-06-21

Edição

Seção

Artigos Teóricos