A cosmologia e o parentesco são dois importantes campos da antropologia que vêm sendo tratados como domínios estanques. Este é um ensaio etnográfco que tem como objetivo a realização de uma análise integrada da cosmologia e do parentesco dos índios Maxakali, através da descrição de processos de transformação corporal. Todos os seres habitantes do cosmos Maxakali possuem alma. Assim, a diferença entre as espécies ou grupos étnicos é construída no corpo. O processo de construção da condição humana e do parentesco é um só, e se dá através co-habitação, do assemelhamento corporal, da observação de resguardos e da relação ritual com os yãmiy, os espíritos. A quebra do resguardo, o consumo de cachaça ou do verme da taquara e a prática do incesto são vetores de transformação corporal que implicam na perda da condição humana, quando um maxakali desconhece seus parentes e passa a agir como inmõxã, o espírito ruim. Palavras-chave: Maxakali, cosmologia, parentesco.
Biografia do Autor
Marina Guimarães Vieira, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil
Marina Guimarães VieiraDoutoranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional/UFRJ. marinagvieira@ig.com.br