O ensaio focaliza aspectos do processo histórico de transformação da experiência de parto no Brasil presentes em relatos de parto de mulheres de camadas médias urbanas. Neste cenário, que emerge no horizonte da crescente medicalização da gestação e da luta contra a violência obstétrica, o parto humanizado, pensado como um “laboratório moral”, surge como uma experiência profunda de conexão. O campo etnográfico aponta para a configuração de novas subjetividades femininas, maternas e feministas, mediadas pela tecnologia leve manejada pelas doulas e também pelos grupos de apoio a gestantes, articuladas em um imaginário cultural contra-hegemônico, centrado na potência desestabilizadora das capacidades reprodutivas femininas.