O artigo discute as representações das práticas suicidas em Belém do Pará, presentes nas notícias, nos artigos e nos anúncios publicados na imprensa belenense na primeira década do século XX. Em tais representações, observou-se a associação desse tema com os elementos da natureza em diversos sentidos e para fins variados. Positivados ou não, esses elementos se situavam entre a manutenção do instinto de autopreservação e a incitação da ideia de autodestruição, e que foram apropriados pelo discurso médico que então se firmava como definidor dos limites da normalidade, através de algumas instituições locais como a Sociedade Médico-Cirúrgica do Pará. Nesse contexto, o suicídio foi tratado no domínio das patologias humanas, enquanto se descortinavam múltiplas teorias médicas a respeito das causas e das profilaxias da considerada “mania suicida”. O material impresso foi também confrontado com obras médicas produzidas ao longo dos trinta primeiros anos do século XX. Nessa análise, verificou-se que, até o discurso gerado fora do ambiente acadêmico da Medicina, como o religioso, valeu-se dos mesmos referenciais para argumentar contra o direito individual de dispor da própria vida. Palavras-chave: suicídio, representação, Medicina, Belém do Pará.
Biografia do Autor
Marcelo José Pereira Carvalho, Universidade Federal do Pará
Mestre em História Social da Amazôniapela Universidade Federal do Pará.