O presente trabalho apresenta resultados de pesquisa realizada em uma comunidade ribeirinha localizada na região das ilhas do município de Abaetetuba, Pará, Brasil. A partir de uma perspectiva etnoecológica, o estudo teve como finalidade compreender a relação existente entre os ribeirinhos e o seu meio ambiente, de onde são apropriados os recursos naturais necessários à subsistência e reprodução sociocultural. A pesquisa focalizou a “mucura”, enquanto recurso de caça para fins de alimentação, uso medicinal e comercialização. Além disso, foram observados alguns elementos de sustentabilidade integrados à atividade extrativa. Observação participante e entrevistas semiestruturadas foram os principais métodos empregados. Observou-se que os interlocutores são detentores de um rico e complexo conhecimento sobre os diferentes tipos de “mucura” e seus hábitos. Diferentemente do que ocorre com outras comunidades amazônicas, que mantêm uma relação hostil com a ‘mucura’, no nosso caso em tela o animal tem um valor cultural inconteste. A noção de etnobiodiversidade, neste contexto, é de suma importância para ser problematizada no Brasil, e em particular, na Amazônia, que possui uma das maiores reservas de diversidade biológica do mundo. Palavras-chave: Etnoecologia, comunidades ribeirinhas, etnobiodiversi¬dade, mucura, Amazônia.