Neste artigo são avaliados o estado nutricional e o crescimento de crianças de três comunidades quilombolas vivendo em diferentes condições sócio-ecológicas no Estado do Pará. Trata-se de um estudo de delineamento transversal constituído por 48 crianças de 0 a 5 anos de idade, representando mais de 70% desta faixa etária nos quilombos Santo Antônio, África/Laranjituba e Mangueiras. A antropometria seguiu técnica padronizada internacionalmente e os dados foram convertidos em escores-Z utilizando-se o programa WHO-Anthro. Os índices Peso/Estatura (P/E), Estatura/Idade (E/I), Peso/Idade (P/I) e o Índice de Massa Corporal/Idade (IMC/I) foram os descritores do estado nutricional. Observa-se que um elevado percentual de crianças apresenta desvios em relação aos padrões de crescimento preconizados nas curvas internacionais de referência. Ao avaliar os índices P/E e IMC/I, se encontram percentuais consideráveis de crianças acima do escore-Z +1, totalizando 29,9% da amostra, evidenciando casos de sobrepeso e obesidade. Entretanto, ao analisar E/I, 31,1% das crianças estão abaixo do escore-Z -2, mostrando que o déficit estatural ainda é um problema entre a população infantil destes remanescentes de quilombos. Nota-se que as crianças quilombolas analisadas ainda apresentam dificuldades em atingir seus potenciais de crescimento, entraves potencialmente relacionados com as características sócio-demográficas, sanitárias e ecológicas nas quais estas populações se encontram. Concomitantemente a casos de desnutrição, observa-se também excesso de peso em algumas crianças, ratificando o processo de transição nutricional ocorrendo na região amazônica.
Palavras-chave: Crianças, quilombolas, avaliação nutricional, transição nutricional, Amazônia
Biografia do Autor
Raissa Cecília Rosalino Guimarães, Universidade Federal do Pará - UFPA
Programa de Pós-Graduação em Saúde,Ambiente e Sociedade na AmazôniaUniversidade Federal do Pará/ Instituto deCiências da Saúde