Baseado em uma pesquisa etnográfica com os Mehinako, grupo aruaque do alto Xingu, o artigo se volta para os vínculos entre humanos e os espíritos apapayëi, com ênfase no adoecimento e os rituais que mobilizam. Pelo que pude aprender com meus interlocutores mehinako, a doença entre os humanos é produto de uma punição mítica que gera uma assimetria original entre aqueles que se tornaram apapayêi, e não possuem bens e recursos, e os humanos atuais, possuidores de objetos e alimentos. Os apapayêi tentam reverter a assimetria forçando uma reciprocidade com os humanos através das doenças e das subsequentes festas de cura, possibilitando a retribuição parcial da perda.