Esse artigo busca explorar as sinergias e fabulações possíveis ao pensar e discutir, de uma perspectiva antropológica, as temáticas que se desdobram a partir da concepção (simbólica e concreta, material-semiótica) dos “úteros”. Ao tomar o útero como foco, emergem questões (histórica e teoricamente problemáticas) como a do feminino, seus deslocamentos e (im)possíveis estabilizações; a dos corpos e seus agenciamentos que implicam classificações, regulações e (des)controles; e conexões esboçáveis entre as expressões estéticas, estruturas e arranjos socioantropológicos e as temáticas de gênero/corpo/sexualidade e reprodução. O texto perpassa por abordagens que levam em conta o “corpo” no pensamento grego e na biomedicina, no pensamento ameríndio e melanesiano, com enfoque privilegiado sobre temáticas do útero, sangue (menstrual) e gênero. Propõe, por fim, o reconhecimento da importância política dessas temáticas na antropologia.