A discriminação com base em raça, etnia, gênero, origem, constituição corporal ou nível educacional é uma característica específica da modernidade ocidental. Na contribuição que se segue, sustentaremos a tese de que a discriminação de migrantes e minorias étnicas parte da mesma lógica de inclusão/exclusão que atrelou o projeto de construção de identidade dos estados nacionais modernos à patologização dos sujeitos (de direito) nas colônias extra-europeias. Trata-se, portanto, de um problema estrutural do sistema-mundo moderno que se manifesta em distintos contextos, como procuraremos ilustrar a partir de dois exemplos - os EUA e a Alemanha. Em cada um destes casos verifica-se uma autocompreensão distinta do que significa ser um ‘país de imigração’, tanto em termos socioculturais, quanto na forma que esta temática é apropriada politicamente. Busca-se, desta forma, explicitar as diferentes contextualizações históricas das práticas de discriminação e as suas respectivas consequências para a postura destes países diante de migrantes e minorias étnicas.
Biografia do Autor
Manuela Boatca, Freie Universität
Professora de sociologia na Freie Universität Berlim, Alemanha. As suas areas de investigação incluem as desigualdades globais, a analise do sistema-mundo, a sociologia do gênero e da violência, e estudos postcoloniais na perspectiva histórico-comparativa, com um enfoque regional na Europa Oriental e na América Latina. Suas publicações mais recentes: Decolonizing European Sociology. Transdisciplinary Approaches(com Encarnación Gutiérrez-Rodríguez e Sérgio Costa), Farnham: Ashgate, 2010; Catching up with the (New) West. The German "Excellence Initiative", Area Studies, and the Re-Production of Inequality, in: Human Architecture. Journal of the Sociology of Self-Knowledge, 10 (1), 2012; From the Standpoint of Germanism“: A Postcolonial Critique of Weber‘s Theory of Race and Ethnicity, in: Political Power and Social Theory 24, 2013.