NOTAS SOBRE A EDUCAÇÃO A PARTIR DE NIETZSCHE E ADORNO

Auteurs-es

  • Maria dos Remédios de Brito
  • Simone Hedwing Hasse Universidade de Contestado

DOI :

https://doi.org/10.18542/rmi.v1i2.2892

Résumé

Ciência e tecnologia, entendidas durante muito tempo como expressões da racionalidade, produzem contraditoriamente efeitos irracionais e perversos. No entanto, sempre atrelado a justificativa do progresso e à melhorias das condições de vida, o discurso científico acabou por ocultar consequências negativas do desenvolvimento tecnológico, minimizando também a necessidade de reflexões críticas. Para Friedrich Nietzsche (1844-1900) e Theodor Wiesengrund Adorno (1903-1969), há sombras nas promessas iluministas e, em suas obras, já se delineia a crítica ao racionalismo. Ambos reconhecem, embora em períodos com diferenças histórico-culturais, a necessidade de revisão do conceito de racionalidade e de reflexão sobre a crise da cultura e da educação. A alemanha do século XIX ou a Alemanha contemporânea estavam submersos a tipos educativos e culturais legados a necessidades do Estado e entricheirados por uma formação decadente a serviço do tecnicismo, do comércio e da burguesia. Nietzsche denuncia a cultura e a educação filistéia que estavam ligados efetivamente aos interesses do lucro, caindo num estreito degrau de empobrecimento humano, pois o incentivo da educação profissionalizante e técnica diminuía a forma para a construção de um indivíduo senhor de si mesmo. Adorno reluta contra a crença na ciência e na técnica como condição de emancipação social, pois sabe que o progresso se paga com o desaparecimento do sujeito autônomo, docilizado tanto pela sociedade industrial totalmente administrada, como pelas extremas regressões à barbárie representado pelos Estados totalitários. Num momento em que ciência e tecnologia se apresentam como passaporte para o mundo “moderno” e a razão revela-se a serviço da destruição, da alienação humana, do aniquilamento da individualidade, cabe importante papel à reflexão sobre a educação. Tentamos, assim, a partir da crítica a razão técnica e a massificação da cultura refletir a respeito das premissas de Nietzsche e Adorno sobre educação. Nossa pretensão não é unificar o pensamento desses autores e nem mesmo analisar a influência de Nietzsche sobre Adorno, mas a partir da percepção desses filósofos sobre a realidade social, sob diagnósticos, concepções e propostas, compreender a atualidade e observar as possibilidades para pensar a educação. Teremos como norte principal as leituras dos textos “Schopenhauer como educador” e “Crepúsculo dos Ídolos”, ambos escritos por Nietzsche, em 1874 e 1888, bem como os escritos de Adorno, “Educação após Auschwitz” e “Educação-para quê?”, ambas conferências proferidas na Rádio de Hessen em 1965 e 1966, e os textos “O que significa a elaboração do passado?” e Tabus a respeito do professor”, conferência de 1959 e 1965.

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Publié-e

2016-05-22